terça-feira, 22 de novembro de 2011

Continente da Desilusão

E se amar for lucidez?
Viver um ano em três
mais leve que o ar, talvez?
É, eu tenho a impressão
de que o mundo sim é vão,
e corre pra esconder
você do meu querer

Mas não me entrego não!
Eu vim aqui te ver, olhar bem pra você,
pegar na tua mão e sentir que é ilusão
O esforço pra viver
não vai prevalecer.

Deixa meu amor ser barco à vela
e só quem sabe é ela o rumo desta embarcação
Porque a solidão da gente
se perdeu no continente da desilusão.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Lua Cris

Se no embrião houvesse cor, palavra, gosto e liberdade
E a idade fosse, nada mais, que ruga vencida
Não suportariam as pontes, edifícios ou escadarias
Se não fossem as notas dos sapatos,
Os sobressaltos dos abraços cheios de melodia

Bastaria um dia
Ouvindo o que não há
Molhando o vazio do berço

Pra se criar o avesso
Um feto suicida
Pois o mundo é de carne,
A dor é divina
Mas, sem música, não há vida.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lavoura

Coração meu
do escondido castelo teu
do meu sim, rainha

enfim, pensei
no não pisei,
amo mais, mas tanto, que não cabe na linha

e transborda do olhar
e me tira do chão, me faz calar
e enxergar em qualquer direção
eu mais tu, tu mais eu
um par

de mãos suadas,
dadas,
dedicadas a colher amor,
daquele mais novo embrião,
e cozinhar no vapor,
pra fazer chover palavra.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

E.T.

O silêncio é abrigo,
um umbigo pra quem só vê ombro,
o dobro de sorriso pra quem só chora,
embora o choro possa traduzir sorriso.

Nada disso funciona vendo de fora,
agora, sendo só espectador

A dor aí, amigo, vem de dentro
um moedor de sentimento, tudo vira ilusão
a oração passa de leão à traíra
num borrão

Que a mentira não sustenta a alma,
tão pouco a alma alicerça a razão.

Portanto, sejamos senhores de nós mesmo,
digamos não a TV, as tragédias, aos "amigos",
a corrupção

Digamos que fomos abduzidos
e ao invés de culpa e explicação,
trouxemos de volta a música,
a explosão interior

Ninguém mais é amador,
sabendo que a dor é mera colisão
que se repete sem fim

Onde a mente diz que não
e o coração diz que sim.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Teta

Escrevo como um manco
onde a tela é a casa
mas, falta sempre um móvel,
um papel em branco

Por isso hoje sou maneta
mas não sei caminhar,
sou careta, porém
só sei beber

Sou um tanso,
pois aprendo tanto vivendo
que me rendo ao teclado

É errado, eu sei,
mas tenho paciência

Sou um programa sem vinheta,
e digo que, punheta, seria a rima certa,
ou a que a multidão clamaria

Eu masturbo o verso
à revelia,
mas me falta pedra, papel e caneta

Me falta a teta
não o leite.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Roupa Nova

Ainda hoje, um ano depois
te olho de longe,
pois mesmo de perto,
com o rosto colado
meu amor é um deserto,
horizonte

Meio azul colorado,
sul desnorteando,
meio Cabral no oceano

Meu amor por ti é sinceridade,
respeito, sorriso aberto na dor
pôr do sol nascendo,
tipo: "nada pode ser maior"

Se tiver um parágrafo ou uma linha,
só importa é que tua oração seja a minha

E que meu peito seja sempre a tua flor
onde cada pulsar seja um riso,
onde cada lágrima seja uma alegria

Arritmia de se construir uma casa;
tua asa batendo em sincronia
com a linha

Quadrada mil vezes,
mais um terço
do meu verso.

Te amo.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Feliz aniversário pai

Inventei um país
onde os "is" não tem pingo,
mas tem chuva

Desconfiei, mas fiz
como quem quis bingo
e ganhou luva

Fui embora de casa,
pois, na tua asa
aprendi a voar

E digo que,
conheço da vida,
porque sei amar

Pelos pagos, pelas preces;
Por tudo que somos,
eu, meus irmãos, minha mãe

Um reino

Pelo país que criei,
eu teimo!
Quem manda no que entra e no que sai
é meu pai.
Meu rei.

E nada temo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Rock

Bom mesmo é passar por várias vidas numa só,
ser um simples camaleão sozinho
para, no caminho, desatar os nós

E nele ter a consciência sábia
de que, morre, se esquece e putrifica a lábia,
mas que a alma nunca será pó.

sábado, 25 de junho de 2011

Do que se pode.

Dito, calo-me
falo não,
quero não

Será?

Brado meu falo,
que nem fala,
como um cão

O quê acontece?

Chamo pra passear;
Tento, mas nunca em vão

Pois cabe na dispensa,
cabe no avião,
cabe até no coração

O sal que aumenta minha pressão
é o mal que alimenta a língua
que dita o que falo;
Brado!

Vinte minutos esgotam minha calma

E se me dizem que não posso,
esboço um sorriso
e canto minh'alma.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Oração

Invento não é palavra.
Pois me falta, logo agora
clara como é minha mente,
quente como meu coração,
a percepção de quem mora
mesmo com a certeza de quem já morou

E tombo cada vez que não acredito
e dito, no sonho, as peripécias de ser.
Eu. Você. Nós.

A percepção abandonou a certeza
da mente de gente que diz;
Que quente é o agora, mas falta
sempre "uma hora" pra ser feliz

Claro fica o coração,
quando a palavra é só adorno
e o silêncio é oração.

domingo, 24 de abril de 2011

Enfeite pra quem voa é chão
Deleite pra quem sofre? Não.

Meu balão contorna pedregulhos
e só dá carona pra quem, da lona,
despe o orgulho

Meu bonde é das canções sussurrantes
onde o vento é vocalista,
onde cor não é nenhuma
e o silêncio é mais melodia e menos barulho

Pra quem pisca e diz que vê mais
qualquer panela é tambor

Enfeite pra que doa é pão
Deleite pra quem sofre é amor.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Falando de Amor

Promessa é dúvida.

Palavra pouco atrevida.

Vida se faz em trinta anos
ou em seis meses

Me apoio na palavra,
pois, de flor rasgada
basta meu nome

Coloco meu fone
e ouço
respingando em cada música
o teu abraço

E olhando pro lado de lampejo,
de supetão,
mesmo nos piores dias,

Me encontro e me perco,
no teu braço, no nosso beijo

E almejo que tudo seja sempre assim

Porque a vida é
o avesso da calma

A vida é o cimento da alma.

E na palma da minha mão,
em uma daquelas linhas,

Aquela maior, exatamente naquele curso,
meu pulso vibra em comunhão

Podem me ditar o melhor discurso,
mas hoje sou o mais feliz

Porque teu habitat é o meu coração.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Morno

De tudo que não tenho
pouco me falta. Mesmo!
Flauta assobiando no olhar,
mar ancorado em meus pés
e túneis que, na língua, viram beijos

E esse revés?
Espelho meu empoeirado,
maltratado pela ferrugem?
Urgem os meus sistemas,
porque sou louco, pois falta tão pouco,
uma vírgula apenas

E eu aqui,
ao invés de dormir,
escrevendo poemas.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Vida

Pincel é igual a quadro,
quadro é igual à tinta;

Crase no sorriso,
pinta maquiada;

Nada além de branco,
banco torto;

Qualquer papel é encosto
o bar te finta

Minta, que eu vou te abraçar,
atremar ao teu discurso

"Quinta" vez que te falo
me calo

Milésima vez de absurdo
mudo

E com tudo
não deixo de amar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Passos Largos

E todo coração que leio, na linha,
me parece errado.
Na minha própria poesia;
coração com "s", coração quadrado

Que antes de falar à revelia
eu lia, e ainda hoje o faço;
mas morre todo dia uma palavra,
um espaço

Um traço rabiscando o branco,
uma folia

De todo coração que leio
me falta agora o seu,
aquele sorriso, aquele "quê" que não é meu
felicidade baldia

Hoje a lágrima mancha a métrica,
a melodia

Hoje me sinto mais só.

Vá com os anjos, Moacyr!

Ensaio

Lá onde nasce o rio da oração
Peixe é só do "bão"
Coração se veste d'ouro
Louro na cabeça é fé
Só não se vai à pé
Necessita um caminhão

Meu quinhão é andar nesse mundo
Eu, minhas "cria" mais minha "muié"
Já que Deus nos deu chão
Na estrada seja o que eu quiser

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lágrima Rosa

Não falo assim por estar sentimental
metal contra metal no olho
lágrima rosa, ferrolho,
lusco-fusco coração

Porque estar é de sala
fala que sossega mansa
grito vermelho, aliança,
entardeço e sou

E vou de mãos dadas contigo
umbigo contra umbigo no ferro
gozo violeta, esmero
que o sol só começou a se pôr
em nossas vidas

E quero, entre abraços e partidas,
curtida voz embargada
riso azul, gargalhada
te levar comigo por toda madrugada.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Espera

O que eu não sei é de tempo.
Quarenta minutos esperando,
o dia inteiro, suspirando
por um sorriso quadradro

E fico madrugada a dentro
remoendo, lento, o que será?
O que querem de mim?
Se sim, sou par,
se não, ímpar

Porque o dinheiro me dá nauseas
e toda gente que ora quer
eu quero ser solitário mesmo
e sou

Por tanta poesia
portanto estou
e estar não é fingir
é morrer e matar

E de escolher, eu mato
cato a rolha pra fechar meu vinho
caminho que tanta gente percorre
e nem se quer pergunta:
Enfado ou desalinho?

Eu sou espinho,
e vivo do vento que não te toca,
boca que diz, passarinho,
palavra que asa enforca

Que de angustia e vida, vivo só;
meu coração é nó
pó de feitiço
rima de cór

Mato alguém que já conheço
karma
o avesso da concordia
mato mesmo minh'alma.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cigano

Eu tanto guardo no coração
emblema e sangue
suor e aflição,
que não há quem estanque o fardo

Meu bardo peito cansado

Carrego só mochila e sapato
neste mundo inato
embrião de cigano
mambembe na verdade, no engano

Meu pardo tato insano

E doo tudo que puder doar,
teorema, poesia,
furor e lamentação,
que não há quem estanque minha mania

Eu tardo, mas encontro a melodia

Se todo dia eu te encontrar
nunca mais reclamo

Porque jamais amei
assim como te amo.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Anjo

Meu anjo noturno
tu me guarda
quando eu durmo
dispensados os coturnos
tua caneta vem me velar

Meu anjo poeta
da metáfora, da meta
tu és a estrela mais certa
que no meu céu veio morar

Te amo.


(Vanessa Kober)


Porque amor não é só amar. É, também, saber deixar alguém te amar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amém

Se cada dia que vejo nascer
fosse um pedido meu
eu pediria dizer,
escrever e parar

Porque na vida
tem professor pra tudo
mestre sala e porta bandeira?
eu não tenho beira

Estudo
mudo
e confesso que sou absurdo
nada além da chuva e do mar

Porque na vida
tem professor pra tudo
mestre de cerimônia e DJ?
eu não sou "amei"

Amo
se tem "presidenta", sou "damo"
reclamo
nada além de bola na rede

Porque na vida
tem professor pra tudo
eu só mato a minha sede
eu não sou não

Porque na vida
quer queira, quer não
tudo que vale
é gratidão

É não acreditar em Deus
e mesmo assim, olhar os seus,
e dizer baixinho:
Obrigado Senhor!

Porque na vida
ida e vinda é lei
canto hoje pois ontem assobiei
beijo porque já chorei

Vida não é porém
Vida é amém.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

I'm Sorry

Manga curta
Curta você
O Verão

Pois o não
Pra mim é sim
Sou inverno

Minha pele
Terno
Meu olhar
Pasquim

Vejo
Não almejo
Pedaço de nada
Risco um nanquim

Porque de pouso
Ouso ser pista
E de canções
Ouso ser letra

Na tua eterna careta
Eu sou a caneta do teu existir
Então cala, abre o teu olho
E me sorri.

Ou I'm sorry.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ano Novo

Bati o dedo do pé no box do banheiro
Ligeiro e safo gritei: - Qual é? Foda-se!
Sorri.

Escrevi Brasil ao contrário no caderno
Botei um terno e fui pesquisar...
Lisarb tem 18 anos e é do Pará.
Morri?
Não, perdi a imaginação.

Olhei pro lado no ônibus e o sujeito:
-Né?
-Só pode!
-Não só pode como deve! E como!
-Come?
-Tu fala inglês bem pra cacete, hein parceiro!


Cheguei do trabalho confuso
Intruso, um cachorro me disse:
-Me vê um Wiskas! É bem melhor que esse seu sanduíche!

-Wiskas não é comida de gato?
-Ouro pra você não é igual a bronze?


Pensei desconfiado...

-Mas ouro e bronze nada tem a ver com comida!
E digo mais, um cachorro que fala e come comida de gato?
Ah! Chupa meu pau!
-Qual o nome do teu ouro mesmo?
Não é Real?! Já olhou no teu bolso?

-...

Fui ao mercado com duas pedras de bronze do (cachorro?),
Peguei Wiskas pra ele e uísque pra mim
O caixa:
-R$ 63,11, senhor. Débito ou crédito?
-Pedra!
-Pedra, senhor? (Sorriso tímido, daqueles que gritam por dentro)

... 32 segundos depois...

-Ai, tá!
Me encontra em 15mim na praça Onze!

-Hã? E o meu cachorro?
-Sim! Fecho aqui e corro!

Olhei pro televisor do mercado.
Feliz 2011!